sábado, 28 de março de 2009

E lá se vão dez anos...

Não sei exatamente qual dia de março de 1999 deveria considerar o marco zero do que hoje talvez eu possa chamar de carreira. Já se vão dez anos que entrei no SESC para minha primeira oficina de teatro, em tempos onde o colégio não mais existia em minha vida, e ainda não havia prestado meu primeiro vestibular. Tudo começa ali.
Fiz amigos, conheci gente que admirava nos palcos, fiz amizade com gente que admirava nos palcos, parecia tudo tão rápido. Tinha gente apoiando, gente curiosa, gente torcendo o nariz. Nada foi fácil, mas o começo parecia tão mais prazeroso...
Ainda havia inocência naqueles meus 19 anos (até virgem ainda era!) e, chegar tão perto de algo que me parecia tão longe há bem pouco, soava como a certeza de ter encontrado meu caminho, meu lugar no mundo.
Sonhos, tinha muitos, ainda tenho alguns daqueles. De lá pra cá nem tantos foram realizados. Ter grana e uma vida estabilizada, por exemplo, é algo ainda não alcançado. Ai, ai...
Antes de 1999 acabar eu já tinha me apresentado um punhadinho de vezes, feito até uma pequenina viagem para tal, fui para o Festival de Guaramiranga pela primeira vez (nossa, como foi difícil naquele ano!), já tava fazendo parte de um grupo de teatro (com histórico!), e já me preparava para a primeira peça profissional! Também já conhecia gente pra caramba e me sentia um membro do meio, não um
ator, mas alguém que já se aventurava na prática e podia falar a respeito, ainda aprendendo, é claro.
Hoje estou em
Curitiba, participando do festival que, se não é o maior, é um dos mais ambicionados e visados do país, com meu grupo Bagaceira, me apresentando (e me divertindo muito!), orgulhoso de nossa tragetória em tão pouco tempo, mas certo de que a brincadeira apenas começou.
Creio que seja por isso que a palavra "carreira" me soe forte demais, frondosa demais, para celebrar dez anos de trabalho. Isso:
trabalho. Que pode não ser o mais bem feito, o mais digno, o mais suado, o mais bem remunerado..., mas é o meu. Se um dia eu tiver realizado ao menos metade daqueles sonhos, creio que não verei mais a "carreira" com tanto peso, mas nunca deixarei de acreditar no trabalho.
Enquanto isso, vou seguindo, ainda sem renda fixa, dirigindo o carro da mamãe, e morando com ela, mas com muito mais história pra contar do que roupa pra por na bagagem. Feliz, nostálgico e (sempre) esperançoso.

Dedicatória: ao carinhoso brinde de Marlei (nossa "anja" aqui em Curitiba), me fazendo ver luz, ver que ainda podemos acreditar nas pessoas, e que estas nem sempre estão fechadas ao que está ao redor

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