quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Contraste

E eis que comecei minha segunda semana de recenseador doente. Segunda e terça uma febre quis me atacar, mas fiquei só na moleza, e hoje amanheci com a grave sensação de que algo que comi ontem repercutiu hoje... se é que alguém me entende. Mas lá fui eu pegar meus dois oins rumo à lesteoeste viver mais uma tarde de "experiências". Chega a ser chocante sair de uma casa onde moram três pessoas e o rendimento mensal médio é de seis salários mínimos e entrar na residência vizinha, parede com parede, onde treze pessoas se bancam às custas de um salário, outros cemzinhos de bicos em geral (feitos por qualquer um da casa), mais trinta reais do Bolsa Família. Nessas horas tenho que fazer minha cara de atendente de telemarketing (gélida como a Sibéria) e fingir que nada me abala. Pior é que três casas depois você já tem esquecido da casa dos treze, pois você tem que seguir adiante, ou encontrou situação pior. À muitos recenseados digo meu mantra: "nós do IBGE fazemos nossa parte, que é colher os dados, e esperamos que os governantes façam a parte deles, que é fazer bom uso desses mesmos dados em favor da população". Sim, cinicamente eu digo isso. Não, ninguém me instruiu a fazê-lo. Digo para dar alguma esperança, ou para convencer os desconfiados a coolaborar, ou para acreditar que meu trabalho vai mesmo servir para alguma coisa além de aumentar temporariamente minha renda.
Mas não encontrei tantas tristezas, apesar do que este texto pode sugerir. A pobreza e a dificuldade existem. Mas sempre as pessoas encontram razões para sorrir, como abrir a porta de casa todos os dias e olhar para isto:
Foto feita por mim ao final desta tarde, quando esperava a condução para voltar pra casa

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