sábado, 10 de outubro de 2009

Momentos de uma festa

Vez em quando algum(a) amigo(a) fica só em casa e resolve fazer uma festinha, dessas onde convida amigos de diferentes castas, para juntos celebrarem qualquer coisa. Aí, você, pessoa solteira, vê a chance de uma paquera em um ambiente diferente e se joga com destreza na celebration. Mas, para que tudo dê certo, existem diversos... "momentos":
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Momento I: A ida
Primeiro você pega alguns amigos caroneiros que também foram convidados e/ou algum amigo que nunca viu o(a) dono(a) da casa na vida, mas vai mesmo assim, na poita. Param em algum posto para abastecer e descobre que seus amigos estão tão sabonetes* quanto você (ou mais). Aproveitam para fazer uma cotinha apertada e comprar a bebida quente mais barata, torcendo para que o anfitrião tenha comprado ao menos gelo e refrigerante para misturar. Dica: cachaça com sabor de fruta é cult. Outra dica: Jurubeba! É barato e tá na moda! Claro que não se pode deixar de levar algum petisco (desde que não seja aqueles salgadinhos borrachudos do tipo Xilitos!). Então, o que você faz? Se joga na Ruffles! É batidíssimo, mas a cebola e salsa sempre agrada. Mais uma dica: Sensações é um pouquinho mais dispendioso, mas impressiona (e é uma delícia!). Mais uma outra dica: em dias de vacas gordas, leve Pringles ou Stax (muito mais status!), e não deixe de levar um chocolatinho em formato coletivo, pra mostrar que você é rica! Abastecimento efetuado, próximo passo: chegar à festa. Nessa hora que você constata que ninguém sabe direito como chegar, e nem a pessoa (que já está lá) para quem você ligou, sabe lhe dizer o caminho correto. Esse fato é suficiente para mostrar seu nível de intimidade (e de seus amigos) com o hostess. Pois bem, após levar o dobro de tempo que levaria, você, finalmente chega.

*Sabonete: bonitinho, cheirosinho, porém liso!
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Momento II: A chegada
Primeiro você passa pela portaria sob o desconfiado olhar do porteiro, que faz uma cara de quem não crê que o(a) dono(a) da festa tenha qualquer tipo de relação com pessoas assim como você e seus amigos. Ao chegar ao apartamento, entra distribuindo simpatia (para disfarçar o ódio de passar horas dirigindo) e, junto à seus amigos, constata que todos os convidados se resumem a uma roda em volta da mesinha de centro da sala (o que reduz a chance da paquera), que alguns já foram embora (inclusive o amigo à quem ligou pedindo instruções), e dos que ficaram, você conhece apenas um, e beeem de longe. Disfarçando o constrangimento, percebe que 90% das bebidas do bar são similares à que você levou, e que alguns dos presentes não retribuíram sua simpatia gratuita. Hora de se servir, sentar e mostrar a que veio! Dica: trave com o anfitrião uma conversa do tipo "domino-um-assunto-contemporâneo" (mas certifique-se de que domina mesmo) em bom tom (mas sem gritar), chamando a atenção dos presentes à sua inteligência e poder de domínio de uma platéia. Se pelo menos 1/3 prestar atenção no que você diz, bingo!
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Momento III: Sentindo-se à vontade
Após a conclusão do "papo-cabeça" (que só deve passar dos 15 minutos se mais alguém entrar na conversa), o anfitrião educadamente lhe dirá que fique à vontade e coisa e tal. Aí você continua o papo com quem quer que seja (seus amigos estão lá para isso) e conclui que o carinha que mais presta atenção, com um sorriso de admiração (que você torce para que seja apenas por causa de sua forçada inteligência), é o único que você não beijaria nem depois da hora da xêpa**. O que fazer num momento desses? Sorria e mude para um assunto onde haja a certeza que só você e seus amigos dominam. Após cerca de meia hora, provavelmente, você já falou de sua recente vida amorosa a alguém, já deu conselhos a outro e já contou pelo menos três piadas que fez todo mundo rir. Ou seja, você é o maioral!

**Hora da xêpa: quando dá 3h da manhã e você, por não ter pegue ninguém ainda na noite (e, às vezes, também por consequência alcóolica), passa a reavaliar seus conceitos de seleção
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Momento IV: Quando os amigos começam a querer ir embora

O álcool já deu na cabeça e você tem a sensação de que a festa agora que começou, pois já teve gente se levantando para dançar, outros para ir ao banheiro e você para fazer uma performance ali, no meio da sala, vendo a hora derrubar a cristaleira francesa que pertenceu à bisavó do(a) dono(a) da casa. E foi justamente na hora da quase-queda da cristaleira que você se arrependeu de ter nascido: chegam mais convidados, entre eles o cara mais gato que você viu nas últimas duas horas! O bom (pelo menos, você acha) é que ele já entrou sorrindo, certamente lhe achando engraçado, o que pode contar pontos a favor. Ou seja, a noite (ainda) não está perdida. Por outro lado, seus amigos, apesar de estarem demonstrando a mesma sintonia, começam a tentar lhe falar, discretamente, que a festa está chata e que ainda há tempo de dar uma esticadinha naquele bar super-hype que abriu semana passada. Esse o momento de você fazer mais um discurso, dessa vez em defesa da comemoração simples, saudável, em meio a pessoas conhecidas, portanto, confiáveis. Em outras palavras: você faz a louca! E torce para que o cara mais gato tenha prestado atenção, lhe admirando, e você até já imagina uma cena romântica...
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Momento V: A hora da despedida

Todos já foram embora, incluindo seus amigos e o cara mais gato (que saiu de mãos dadas com aquele conhecido de looonge). Restaram apenas seu amigo poiteiro (que a esta altura ronca na poltrona reclinável), o carinha que te olhava com admiração, prestando atenção em mais uma teoria sua, e o(a) dono(a) da festa, dando os últimos indícios de que algo ainda está engraçado. O sol já se mostra no horizonte, e, para coroar sua presença (e garantir que não serás convidado na próxima) você dá a belíssima idéia: vamos jogar Uno! Essa a última cena que você lembra quando acorda no dia seguinte de ressaca, sem ter idéia de como chegou em casa... e dormiu nu.

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